A conheci ainda sem os olhos de sol. Faz um bom tempo, já. Era uma tarde esquisita, com pessoas esquisitas e uma situação engraçada. E nada mais. Mas já ali deu pra notar que algo diferente se manifestava, a astronomia parece ter começado a revisar seus conceitos naquelas escadas.
Tempos depois. Aí sim. Mentira? Foi. Mas sei lá... se existem mentiras honestas, lá estavam. E aquela criaturinha gasguita tinha um brilho diferente na vista. A cor dos olhos até hoje não sei. Mas tinham uma coisa forte, um calor. E eu hipnotizado, desconcertado, quase criança: Posso? Pude.
Coisa mais estranha... era um tal de não sair da cabeça. Tanto pensar, tanto. Meu aniversário tava perto e eu não ganhei bolo. Mas ganhei um presentão da vida. Os olhos já eram de sol. E logo eu, que andava tão nublado...
É incrível, né não? Um par de bochechas infladas move moinhos. Uma fisionomia tão “coisinha delicadinha”... Os traços finos, a voz aguuuuda, um sorriso de céu em noite bonita. Quando misturou o sorriso com o olhar... Não teve como segurar, eram os olhos de sol e o sorriso de céu estrelado. Era o paradoxo. A beleza do dia perfeitamente casada com o charme da noite. Ao mesmo tempo. Nossa...
O temperamento... É, eis um ponto. Exatamente a medida de um siri enlatado. Mas nem isso ia servir de empecilho pra o que estava acontecendo. Toda de branco, um vestido que eu nem gosto: Espera por mim? Espero. E a espera não durou nada, nos entregamos.
Fomos Danilo e Aninha, Johnny e June, Alex e Sophie. E a cada safra de personagens, era como se o amor se renovasse. Os olhos de sol a pleno vapor e um planeta que orbitava ali, feliz da vida.
Como em toda relação entre astros, ora periélio, ora afélio. Mas até no afélio a atração gravitacional se impunha assustadoramente.
E quantas lágrimas! É estranho, pensar que olhos de sol possam chorar. Mas choram. E terminava sempre tudo bem, sempre com o calor, sempre “bem que se quis”. E vem pra perto, vem. Aqueles abraços. Ah, aqueles...
E o tempo passa, né? Como passa... Afélios, periélios e o brilho forte do sol. Um ano, dois... E aí, durante um período desses, eis que acontece algo. A gravidade joga contra e, de repente, o sol já não brilha tanto. O planetinha fica sem aquela energia quente, sem luz. Perdido, vagando por aí sem o calor do astro-rei.
Sozinho, o planeta pensa: “É... acho que esse afélio tá demorando demais. Tá na hora de fazer o retorno”. Mas aí... Aí o sol já não brilhava. No sign of love behind the tears. E o planetinha desabou, mudou seu eixo de rotação, entrou em parafuso.
A última esperança fora cortada textualmente. Em que ia se apoiar agora? Então ficou decido que era hora de se soltar pelo espaço. Quem sabe nessas andanças não aparecia uma estrela que aceitasse um planeta em sua órbita? E então o planeta se organizou de novo, agora tinha um foco. Estava resolvido. O ânimo, pode-se dizer, vinha num crescente ótimo.
Aí veio um interlúdio. Permita-me:
Quero que você me faça um favor
Já que a gente não vai mais se encontrar
Cante uma canção que fale de amor
E seja bem fácil de se guardar
Meu amor o que eu sou todo mundo vê
Me perdi me esqueci dentro do seu mundo procurando a vida com você
Mesmo que as pessoas lembrem de nós
Mesmo que eu me lembre dessa canção
Não vai haver nada pra recordar
Nada que valeu, que houve de bom
Meu jardim seu quintal sempre a mesma flor
Hoje não cada um dentro do seu mundo navegando contra a solidão
Não bastasse, acontece um encontro casual. E veja só: olhos de sol! E que coisa mais linda. Estonteante. Apaixonante. O planeta, que já cuidava das cicatrizes, sente aquele calor por perto, mesmo que só por alguns instantes. E como é bom, que sensação maravilhosa.
E hoje. Agora falo pelo planeta. Tantas palavras que martelaram minha cabeça o dia inteiro... Tenho absoluta consciência de que o texto está muito aquém das minhas capacidades, literariamente falando. Desorganizado, mal construído. Mas foi mais uma lição aprendida. É impossível pensar de maneira organizada com esse vendaval interno. O que está aí foi simplesmente despejado nas teclas. Mas é louvável a espontaneidade que transborda de cada linha do que está escrito. Enfim...
Ah, menininha dos olhos de sol... Se você soubesse...
4 comentários:
Que coisa linda Cleosvaldo! Eu não sabia que o seu dom para a música estendia-se às palavras. Parabéns, serei leitora assídua do seu blog.
Um xêro da sua colega de profissão,
Gabi (ou Dani, como preferir).
Cleeeeo [ sem acento ] Sempre esqueço e volto pro delete...
Anyways, muito lindo.
Algum dia alguém escreve algo parecido pra mim, eu espero.
Louvável.
;***
Fique bem e já sabe né? Pode sempre contar com eu :D
pronto, agora nao tem mais jeito: serei leitora do seu blog. bjooo!
puta texto foda, Cleo!
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