quinta-feira, 9 de julho de 2009

Por motivos de força maior...

O blog vai ficar um tempo desativado...

Tô sem computador, então infelizmente não vai dar pra atualizar com a mesma frequência.

=/

Assim que voltar, aviso.

Valeu, gente!

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Para ler com os olhos fechados

Numa canoa, no meio de um lago. Fim de tarde, o sol já se pôs, mas o céu ainda está pintado. Sozinho, totalmente sozinho. Silêncio, silêncio. Uma brisa que sopra fresquinha. Plenitude.

Feche os olhos.


Até mais ver.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Série nova - Republicações

É apelativo? Óbvio. Mas enfim... Como eu sei que nem todo mundo tem saco pra ficar olhando os arquivos antigos do blog (e que boa parte de vocês começou a aparecer por aqui recentemente) resolvi republicar alguns textos mais antigos e que gosto muito.

Pra começar, o texto que me fez criar o blog:

Um dia desses

Três e meia. Marinésio se despede dos carros, mansões e cervejas na praia e olha de lado. A mulher emana um ronco compassado, discreto, até. No chão, ao lado da cama, um colchonete abriga castelos, princesas e fadas, além das duas filhas. Levanta ainda inebriado pela riqueza inconsciente. Lava o rosto e vê a ilusão descer ralo abaixo. Pensa: “Tá tarde”.

Os amendoins e castanhas estão embalados desde a véspera, como de costume. Junta tudo num só volume, um fardo. Calça o sapato com a sola solta, põe duas broas de milho na bolsa surrada, pede proteção ao céu e sai.

Ao ganhar a rua, Marinésio anda olhando pro chão. O céu já está indeciso, multicor. Atravessa ruelas de barro irregulares, o fardo pesando. Na vista, apenas casebres com a porta fechada. E vai, vai. Ao passar a BR, senta no meio-fio e espera a condução. Com o céu já lilás ele sobe no “Tambaú” lotado.

A viagem- sim, viagem- é turbulenta. Com o saco de amendoins e castanhas entre as pernas, Marinésio luta para não adormecer de pé. O calor se aproxima. Numa freada brusca, o equilíbrio pede licença. Ah, não fosse a senhora gorda sentada ao lado... Ótimo amortecedor. Depois de muitas desculpas e caras feias a viagem segue.

Quando nosso ambulante desembarca na praia de Tambaú já são quase seis e meia. Ele apruma o peso da mercadoria nas costas e começa a peregrinação pela orla pessoense. De cara, encontra um casal de idosos caminhando. A última coisa que um casal de idosos compraria durante um cooper seria um saco de amendoins, não é? Mas são almas boas, se compadecem de Marinésio e compram não um, mas três saquinhos. E agora? Não tem troco.

-Pode ficar, não tem problema.

Nosso herói agradece a gentileza com um sorriso desfalcado e segue seu rumo. E vão surgindo turistas, mais gente caminhando, concorrentes, crianças de patinete. O calor aumenta, o fardo pesa. Ele olha pro sol como quem implora por piedade, os olhos ardem muito. E segue, segue.

Quando imagina que passou das onze horas, Marinésio, que há muito arenga com uma pontada no estômago, resolve parar pra comer as broas de milho. Pede água num boteco, e o garçom, abusado, enche um copo na torneira. Enquanto mastiga as broas sem gosto, Marinésio pensa: “Hoje vai dar certo!”.

Após o desjejum, a caminhada continua. E vendendo mais, mais, mais. O fardo vai ficando mais leve, o bolso, mais pesado. Enquanto percorre o calçadão, vê uma boneca de plástico jogada, já toda retorcida pelo sol. Lembra das filhas em casa, disfarça a vergonha e se abaixa para pegar o brinquedo, guardando-o na bolsa. Por volta das duas da tarde o calor aperta, impiedoso. Marinésio pára e contempla o mar pela primeira vez, desde que começou sua jornada de hoje. Sente a brisa aliviar as chicotadas do astro-rei, mas é só ilusão. Logo o castigo recomeça. E o pobre vendedor vai andando mais devagar, quase se arrastando. A boca árida pede clemência. Junto de uma lufada de ar, vem um punhado de areia, que incomoda bastante. Um turista estrangeiro observa, penoso, o calvário de Marinésio. Aproxima-se e, por meio de gestos, dá a entender que pretende comprar o restinho de sua mercadoria. Nem era muita coisa, mas fazia tempo que o fatigado ambulante não tinha essa sensação de dever cumprido. Vendera tudo.

Pensava na volta pra casa, mas sentia as pernas desobedientes. Estava totalmente sem forças, acabado, derretido pelo sol. Sentia-se tonto. De repente, como que por mágica, tudo parou. Marinésio teve um pensamento, acompanhado de um calafrio. Nada mais importava, nem o sol, nem o mar, nem o brilho das estrelas. Foi como um lapso temporal, uma sensação indescritível. Ele reuniu o resto do ânimo que tinha e marchou apressado até a barraca defronte. Sob o olhar maldoso dos funcionários, pensou, pensou, pensou; fez contas e mais contas intermináveis. Depois de muito confabular consigo mesmo, meteu as mãos nos bolsos e tirou toneladas de moedas, jogando-as em cima da mesa mais próxima. Sentou-se, piorando ainda mais o semblante dos garçons, e começou a contar aquela infinidade de centavos tão suados. Contou, recontou, conferiu, conferiu de novo, e mais uma vez, e outra, e outra. Então o tempo parou novamente. Se me perguntassem o que é felicidade eu precisaria de uma foto. Uma foto desse momento. Eu, certamente, teria muitas dúvidas sobre o que é medo, apreensão, tristeza... Mas felicidade, agora, seria muito fácil de exemplificar. Marinésio olhou para o garçom que já vinha em sua direção, para expulsá-lo. Olhou com um brilho tão intenso nos olhos que o rapaz estremeceu. Abriu um sorriso tão lindo, mas tão lindo, que, daquele jeito, nunca houvera sido registrado nas praias da Filipéia. Estava longe de ser plástico, é bem verdade. Um sorriso estragado, falho, desfalcado; lindo, sincero, contagiante. Nessa hora o sol amenizou-se, a brisa soprou fresca, o barulho da rua cessou e o mar ficou ainda mais bonito. Marinésio, domando sua euforia da melhor maneira que era possível, conseguiu apenas murmurar:

-Uma cerveja.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

A aposentadoria do imprevisto


Já parou pra pensar que muito em breve o imprevisto vai deixar de existir?

Eu fico pensando... como cargas d´água existia vida sem internet e telefone celular? E olha que eu ainda vivi isso, hein?

Furou o pneu? Liga pro borracheiro, liga pro escritório, liga pra filha... pronto. Todo mundo já está ciente do problema. Em tempo real.

Acho que isso afetou a noção de compromisso das pessoas. Antes você marcava um horário e tinha de cumprir. Não tinha essa comodidade de avisar: "Tô no trânsito, tá o maior engarrafamento". Antes, filho, era tal hora e pronto. E nem adiantava descer do carro e ligar do orelhão (que já existia). A pessoa que estava te esperando também não tinha celular. Era bacana, de certa forma. O pessoal, de uns tempos pra cá, criou a mania de se escorar no tal do "chego já". "10 minutos", "5", "2". E, no fim, acaba atrasando meia-hora. Uma hora.

E depois reclamam que eu sou antiquado.

Similares

É a ressaca do que não bebeu
É o luto por quem ainda está vivo
É a morte daquele que mal nasceu
É a risada daquele que não tem motivo

É o abraço de quem se quer distância
É a distância de quem se quer abraço
É o orgulho de quem perdeu toda a moral
É a moral de quem não tem coragem

É o último sorriso do suicida
É o suicídio do que muito queria viver
É o talento sacrificado pela necessidade
É a pressa de chegar a lugar algum

É o sangue derramado por futilidade
É o ódio alimentado por estupidez
É o investimento lúcido na decadência
É o arrependimento pelo que não se fez

É o pôr-do-sol psicodélico para os monocromáticos
É uma torrente poética para os insensíveis
É a sinfonia perfeita para os ouvidos moucos
É o sabor refinado para o paladar impuro

É a inteligência de quem não tem recursos
É o céu nublado de quem quer praia
É o respeito despejado sobre quem não o merece
É a teoria que não se aplica na prática.

Músicas de quarta


The Beatles - For no one

Your day breaks, your mind aches
You find that all her words of kindness linger on
When she no longer needs you

She wakes up, she makes up
She takes her time and doesn't feel she has to hurry
She no longer needs you

And in her eyes you see nothing
No sign of love behind the tears
Cried for no one
A love that should have lasted years

You want her, you need her
And yet you don't believe her when she says her love is dead
You think she needs you

And in her eyes you see nothing
No sign of love behind the tears
Cried for no one
A love that should have lasted years

You stay home, she goes out
She says that long ago she knew someone but now he's gone
She doesn't need him

Your day breaks, your mind aches
There will be times when all the things she said will fill your head
You won't forget her

And in her eyes you see nothing
No sign of love behind the tears
Cried for no one
A love that should have lasted years

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