quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Imparável.



Pergunte-me: O que é ser “imparável”? Responderei: É levantar cedo. Tirar livros do lugar e tornar a colocá-los exatamente na mesma posição. É sair para caminhar e deixar bilhete na porta da geladeira, “fui caminhar”. Simples assim. É ser despreocupadamente poética. É clarear o dia inteiro. Comeu? Não comeu? Tá tossindo? Que cara é essa? Ser imparável, ao que parece, é padecer no paraíso. Ao que padece, é parecer lá.

Ser imparável é molhar as plantas às dez da noite de um domingo chato. É uma cervejinha que acompanha o fogão. É deitar-se exausta, após uma dura faxina, e imediatamente reparar que a TV está com marcas de dedo (corre e limpa). Sonhar acordada com colchas de princesa e espantar-se com o preço. É muito vigor, viu?

A imparabilidade, veja bem, não é sinônimo de ultra-resistência. É dor nas costas, gripe, alergia. São problemas. São lágrimas. É um mundo pra dar conta. Noites de sono perdidas... É maternidade, fraternidade, casamento. É preocupação além-casa. É neta de cá, neto que vem, nora que enjoa, filho que trabalha, filhas que dão trabalho, marido idem. É muito amor.

É até, permito-me, adoção. É olhar-me e: “Que cara é essa?”. E “tá triste?”, “tá doente?”, “tá com fome?”. É uma falta danada que eu sei que vai me fazer. Mas, taí... Que não seja imortal, posto que é chama. Mas que seja imparável enquanto dure.
 
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