quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Maria

Maria corre no meio da rua, doida pra ver José, despida de luas, carregada de leite, integralmente mulher, Maria não tem dono; são as crias, as crias, suas proprietárias, pra elas Maria não arreda pé, esteja onde estiver Maria se deixa pertencer, sua sonhos em favor delas; José impaciente espera séculos de segundos, e ao surgir, cabelo molhado e roupa caseira, Maria desfere os primeiros cheiros, ele cai atordoado diante da supremacia do desejo, Maria ignora o tesão dele, aliás irá sempre ignorar, só se deixa gozar com o macho das crias; cria machos no seu universo peculiar, para ludibriar seu instinto de fera; vai com fúria insana no olho do macho, esguicha sêmen em forma de palavras ternas; Maria assassina o desejo de tê-lo engolindo-o por inteiro com sua teia de conversas vãs; Maria grita corpo, mas não move um dedo para levantá-lo nas suspeitas; assim faz Maria, vaporiza, e evapora insinuações.

José move-se com lentidão, meio incrédulo, mas meio gozado, despede-se; quando verá novamente a alma tonta que o embriaga? Maria, numa displicência programada marca qualquer dia e pouco mais tarde liga pra acertar detalhes; a voz é simples, a conversa também, mas o cio é longo e pode ser medido, vai ao satélite e reflete no celular, os corpos gemem de gozo, risinhos discretos denunciam a tara, mas Maria dispara qualquer palavra bomba de realidade, José imagina que é só delírio, ele pira em confusão, Maria em erupção; e em sucessivas tramas ela transa com seu macho em gozos vulcânicos liberando Josés na atmosfera do seu universo paralelo; o seu macho ofegante e extasiado de prazer , dá-lhe um respeitoso beijo depois do coito, Maria agradece a virilidade do parceiro, derrama-se em carinhos e doçuras; pra José fica a dúvida...


Jaécia Bezerra de Brito

 
Easy Curves Program
Easy Curves Junkie