sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Conversa de perdedor:

Serei objetivo. Estive entre os dez finalistas do MPBeco deste ano, com a música "O Riso". Durante a final, realizada no sábado passado (25/09), defendi a canção junto aos outros 9 concorrentes, até aí nada demais. Comentei com todos os colegas que a final deveria estar sendo gravada com uma qualidade boa de áudio, dado o alto nível de todas as composições e tudo o mais. "Exceção seja feita à essa música desse tal Maguinho da Silva, que, pelas caridades, não serve nem pro lixo", foram minhas palavras no dia. Mas não vamos entrar no mérito do gosto pessoal.

O que me fez sair do meu cantinho e escrever um texto, então? O resultado, amigos, o resultado...

Na hora do anúncio dei aquela murchada tradicional, de quem esperava um pouco mais... não ganhei nadinha. Mas saí tranquilo. A única coisa que me inquietava era o fato da maldita música do cara ter vencido. Fiquei, porém, calado. Daí me chega Eduardo Pandolphi, meu parceiro na composição concorrente, com uma cara de decepção maior do mundo.

"O que foi, Dudu?".

"Pádua (Antônio de Pádua, jurado do festival) acabou de conversar comigo. Ele tá extremamente puto".

"O que foi, Dudu?".

"Ele disse que o resultado foi arranjado, Yuno (Yuno Silva, também jurado) confirmou."

Pois é, amigos, aí é que eu fiquei chateado de verdade. Perder é uma merda, em qualquer circunstância. Mas perder roubado é revoltante.

Ao que consta, vejam bem (carece de uma investigação mais apurada, tô escrevendo como perdedor, não como jornalista), é que o jurado Carlos de Souza (nunca ouvi falar, não sei nem quem é) teria dado nota mínima para todos os concorrentes e nota máxima para o eventual vencedor (saindo do local destinado ao júri, o amigão Maguinho da Silva o esperava para um caloroso abraço, mas isso é detalhe). Isso de acordo com os próprios jurados. Que beleza, hein?

É de uma desonestidade muito cara de pau, né não? Gente ruim. Gente que não presta.

Do lado do MPBeco, fica a decepção pela falta de preparo. Até os desfiles de escola de samba são mais bem preparados. Uma medida simples, como o corte da maior e da menor nota de cada concorrente, impede safadezas como a que parece ter ocorrido.

Eu não averiguei detalhes, repito, isso é conversa de perdedor, não de jornalista.

E para quem acha que eu tô escrevendo isso por achar que o vencedor deveria ter sido eu, calma aí. Na pior das hipóteses, eu seria o terceiro colocado, né? Mas nem nisso acredito, havia concorrentes mais fortes e que também não ganharam nada (Lunares e Júlio Lima, só pra citar dois exemplos rápidos - tá, o Lunares levou o voto do público, mas me refiro aos prêmios de 1º, 2º e 3º lugares).

Bem, eu juro pra vocês que quero muito estar errado. Quero muito que me respondam esculhambando, que eu sou um idiota e péssimo compositor. Um despeitado.

Mas com provas, por favor.

Cleo Lima.

11 comentários:

Yuno Silva disse...

fala Cleo, escrevo para desmistificar algumas afirmações equivocadas que carecem de pontos finais. É injusto tentar desconstruir e/ou desqualificar todo um trabalho por causa de uma nota de cunho pessoal. Um fato isolado e insignificante perto do tamanho e da importância do MPBeco, que no meu entendimento é, hoje, o melhor festival de música potiguar em atividade.

Em primeiro lugar nunca disse que houve manipulação do resultado, afirmei que não concordava com o resultado - o que é bem diferente. Então, já de cara, quero corrigir essa informação de maneira bem direta e transparente.

A votação foi real, os votos somados corretamente e ressomados na frente de todo o júri, então não houve (repito) manipulação. Ficaria extremamente ofendido se acontecesse alguma coisa do tipo bem debaixo dos meus olhos, e seria o primeiro a contestar publicamente a situação.

Não aconteceu, tenha certeza disso!

Logo que entreguei minhas notas à organização, fui instruído a não antecipar nada e assim o fiz. Não comentei resultado com seu ninguém, apenas respondi vagamente a uma pergunta de Marcelo Veni que insistiu questionando se eu achava justo o resultado.

Como já escrevi logo no segundo parágrafo deste, disse à Veni: "achei injusto, mas votação é votação e temos que respeitar o resultado" - foram essas minhas palavras, sem tirar nem por.

Assisti atentamente todos os shows, subtrai meu gosto pessoal e votei de maneira técnica nos três itens que estavam sendo avaliados: Música (no meu entender: letra, melodia e originalidade); Arranjo e Interpretação.

Particularmente gostei do Maguinho daSilva solto no palco, sem empunhar seu cavanhinho, estava bem mais à vontade que em apresentações anteriores, mais seguro, e assim que tiver oportunidade de conversar com ele (Paulo Ricardo) vou sugerir que procure explorar esse formato. Mereceu SIM estar entre os melhores da noite.

Voltando ao resultado: como o MPBeco já passou e, diga-se de passagem, deixou saudades, pois vemos um amadurecimento tanto do festival quanto dos artistas concorrentes, revelo meu voto por aqui: deu Lunares na contagem dos meus votos, e felizmente eles ganharam o voto popular. E SIM, no fim das contas, os votos de Carlão (que eu conheço pessoalmente e já ouvi falar bastante) fizeram a diferença no resultado final. Porém, diferente do que você escreveu, ele não deu nota mínima para todos os outros concorrentes e máxima para o vencedor. Digo isso por que vi as notas de todos na hora da contagem.

Quero deixar claro que NÃO estou aqui defendendo banda nem evento, nem jurado nem produtor, estou aqui defendendo a verdade dos fatos. Até porque fui o primeiro a dizer para o júri "que votação é votação, e que não podemos contestar um resultado no grito por que achamos isso ou aquilo". Foi votação, como nas eleições: nem sempre ganha o candidato que estamos apoiando.

Não acredito que Antônio de Pádua tenha dito que o resultado foi arranjado. Conversamos bastante aquele dia sobre o assunto, sobre os critérios de avaliação, etc. Ele pode ter ficado injuriado, mas dizer que foi manipulado é bem diferente.

Por respeito ao respeitável público, espero ter contribuído para esclarecer o episódio. E claro, também desejo que o caso tenha servido de aprendizado para a produção do festival. E que venha a edição 2011... e adianto: se for escalado novamente para fazer parte da comissão julgadora, de qualquer fase, aceitarei com gosto por acreditar na proposta, por acreditar nas pessoas que fazem o evento e por acreditar na música potiguar.

Grande abraço,

Yuno Silva
Jornalista, produtor cultural e crítico de música nas horas vagas.

Paulo Sarkis disse...

Fui jurado em 2 edições do mpbeco, bem como já fui jurado de ouros eventos e banca de concursos de música.

Tenho uma opinião formada sobre essas comissões julgadoras. Ao contrário do que rezam as cartilhas, acredito que uma banca tem que se entrosar, discutir e eleger um vencedor por maioria, mas não com notas somadas friamente, acredito nas notas discutidas pelos integrantes da comissão.

Essa troca de informações permite que o jurado que entenda menos de um item do que de outro, receba melhores subsídios para sua avaliação.

Os festivais têm por critério o hábito de convidar jornalistas para avaliar canções, isso por si já é um equívoco. Quantos jornalistas sabem avaliar uma boa melodia? Nada contra os jornalistas, mas música também é ciência. Acredito que pra ser parte de uma comissão desse naipe, o sujeito tenha que saber equacionar e resolver uma incógnita que mistura poesia, melodia, harmonia, contraponto, rítmica, arranjos, afinação, etc.

Acho que continuaremos tendo todo tipo de profissionais nos juris dos festivais, sem problemas. Pra aglutinar essa diversidade de focos, o ideal mesmo será sempre a interatividade entre os jurados, tentando-se saber as preferências e os argumentos der cada um, valendo aí inclusive as tentativas de persuação e convencimento pelos argumentos.

Yuno Silva disse...

então Sarkis, bem lembrado... antes de começar a peleja no MPBeco cheguei a sugerir (e outros jurados também) exatamente isso: que as notas não fossem somadas friamente e sim que todos chegassem a um veredito.

Enfim, voto vencido sem debate pois as regras já estavam postas. Mas fica a sugestão para o próximo ano.

Abraços,

mamãe disse...

mainha, lembre de corrigir o lance..beijos não precisa postar isso. beijo

Anônimo disse...

Acho que realmente é conversa de perdedor.
Depois do que li o que Yuno escreveu, não resta dúvida, é conversa de perdedor mesmo.
Sem mais.

Julia Mércia

Rodrigo disse...

SIM, HOUVE SAFADEZA. ESCLARECENDO:

Cleo Lima pecou em desqualificar a música de Maguinho da Silva. Apenas isso é o que podemos chamar de conversa de perdedor.
Já quando ele alega sobre a conduta do jurado Carlos de Souza, não está fazendo nada além do seu DIREITO ENQUANTO CIDADÃO.

Yuno NÃO MENTIU, mas OMITIU. Leiam novamente o seu comentário e observem que em nenhum momento ele nega ter ocorrido "manobra" do Carlos de Souza para beneficiar o Maguinho da Silva.
Apenas fala que não houve "manipulação", pelo simples fato de que todos os votos foram mantidos (independente de ter havido injustiça ou não).
Pura questão de explicação semântica. No fim das contas, ocorreu, sim, safadeza.

Ontem eu ouvi da boca de um dos 4 jurados a versão completa da história:

O jornalista Carlos de Souza não saiu distribuindo nota mínima para TODOS os outros concorrentes e máxima para o vencedor. ELE FOI MAIS ESPERTO E MAIS SUTIL.

Observou que os 4 colegas avaliavam de forma ponderada, mas gostaram de um concorrente em especial (que provavelmente ganharia o 1.º lugar), bem como percebeu sua qualidade para vencer, e deu-lhe notas baixas o suficiente para que apenas este fosse empurrado para fora do pódio.
Para completar, deu notas altas o suficiente para que o amigo Maguinho da Silva ultrapassasse a todos. Golpe de mestre.

Resumo: Carlos de Souza detonou apenas quem iria ganhar o 1.º lugar para beneficiar o seu amigo Maguinho da Silva.

Dois dos jurados ameaçavam denunciar o resultado no microfone, mas foram desencorajados por um dos colegas.
Enquanto isso, o inatingível Carlos de Souza (pai de um dos produtores do MPBeco, para a visível vergonha deste) ria dos quatro, dizendo que "não era caretão; era doidão, mesmo, e não estava nem aí"; "fez e faria novamente".

Repito: não fui eu quem inventei isso. Foi o que escutei pessoalmente de um dos jurados nesta semana. A priori, não revelarei seu nome. Se cobrarem por isso, espero que o próprio se prontifique a se identificar.

Os amigos e admiradores de Maguinho que quiserem defender sua música, que o façam à vontade (eu mesmo não desqualifiquei sua música em nenhum momento), mas pelo menos reconheçam que não têm credenciais para negar o fato, pois não o presenciaram, não se esclareceram com nenhum dos que estavam ali, e portanto não têm a menor idéia do que aconteceu.

O Festival MPBeco continua sendo importante, mas com certeza quem conhece os bastidores sabe que uma mancha tomou conta do evento nesta edição. Que sirva de lição para que se escolha com mais rigor a comissão julgadora.

Yuno Silva disse...

Rodrigo, o que precisa ser feito é ajustar o sistema de votação para evitar esse tipo de problema.
Sugiro ao pessoal do MPBeco que, na próxima vez, se for o caso, o júri se reúna para chegar a um veredito.

O que aconteceu foi deselegante da parte do Carlão, não dá pra negar: é fato! E não foi só com as bandas, com o público ou com a produção do evento, ele desconsiderou o trabalho do restante dos jurados e pontuou negativamente a longa carreira do Maguinho, que no final das contas nem vai poder curtir o prêmio como deveria.

Abraços

Anônimo disse...

Pra quem nunca (nunca ouvi falar, não sei nem quem é) Carlos de Souza, eis um pequeno fragmento do seu livro Crônica da Banalidade:
“Diante do mar, sentindo o cheiro sacana da maresia, dois seres sentados diante do mar. Ah, tentar acariciar o mundo com as notas de uma canção que roça o prazer: Charles Mingus afaga o amigo com uma música que parecia dizer a coisa mais banal que um amante pode dizer a outro: uma canção de amor para Duke Ellingtos. Um beijo quente como o solo de um sax rouco colado nos lábios, antes que um trumpete manso se misture às carícias das mãos sobre as teclas do piano e os acordes meigos num contabaixo sensual pulsando como uma glande que penetra os grandes lábios da canção. os beijos e os afagos trocados entre o piano e o sax são o prenúncio do orgasmo que se aproxima diante de um mar impassível. os instrumentos se entrelaçam loucamente, os amantes enlouquecem. o mar silencia.”

Assim, você como jornalista e perdedor, fica sabendo quem é Carlos de Souza.

Julia Mércia

Cleo Lima disse...

Agora sei que, além de um sem ética, é, também, um escritor duvidoso.

Mas, ó, não precisa se afobar. É só uma opinião.

Anônimo disse...

Imagino que você, um Sérgio Sampaio das letras e da música potiguar, é o bom, ou seja, um "narcisista e mal compositor", mas você diruia: "Nem assim"...

Julia Mércia

Cleo Lima disse...

Ué, não comparei ninguém comigo. Você deve ser muito amiga do cara, né?

Fala a verdade, cê achou certo o que ele fez? Podia ser um Fernando Sabino (esse sim, um mestre nas crônicas banais) que ia continuar não prestando.

E você pode me classificar, no máximo, como um mau compositor. Com "U", que é o contrário de bom. No que também não acredito. Tenho a auto-estima em dia e me acho bom. De verdade. Quanto a isso você vai ter que se conformar.

 
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